Do livro “Confessai-vos Bem”, do Pe. Luiz Chiavarino – 4ª Edição – Edições Paulinas – 1943
D — Padre, todas as belíssimas coisas que o Sr. disse até agora acerca da confissão, tratam só dos que estão sujeitos a cometer pecados mortais, mas quem comete só faltas veniais pode dispensar a confissão?
M — A confissão, meu caro, é muitíssimo útil, também para aqueles que só cometem culpas veniais, porque, mesmo quando ela não é indispensável para obter o perdão, é sempre o melhor meio para apagar as faltas.
D — Desculpe, Padre, mas há muitos outros meios para cancelar os pecados veniais: as orações, as esmolas, a água benta por exemplo.
M — É verdade; e estes remédios chamam-se “sacramentais”, mas operam só ex opere operantis, ou seja, na medida, quase sempre bem diminuta, da devoção de quem os recebe, enquanto que, a confissão opera, ex opere operato, isto é, por si mesma, em virtude dos méritos de Jesus Cristo, por essa razão remite todas as faltas de modo mais seguro.
D — Então, também no que diz respeito aos pecados veniais, que são, no entanto matéria livre, isto é, que se podem ou não confessar, a confissão é a melhor cura e a mais certa?
M — Justamente. E não é só isso: a confissão não só remite os pecados e nos dá a vida eterna, como também nos remite toda, ou parte da pena temporal que pode ainda restar.
D — Deveras?
M — Isso é verdade de fé, por conseguinte devemos acreditá-lo sem duvidar. Sim, a confissão remite cada vez uma, duas, três e quem sabe lá quantas páginas da pena temporal, que pode, dessa maneira, ser completamente esgotada; é justamente o que nos ensina Santo Tomás doutor da Igreja: “Quanto mais nos confessamos, tanto maior é a porção da pena temporal remetida…” razão pela qual pode acontecer que, à força de nos confessarmos, nos seja remetida toda e qualquer pena.
D — Mas esta Padre, é a indulgência das indulgências…
M — Assim mesmo, esta é a indulgência das indulgências para nós que não gostamos de penitências e que, por isso, corremos o risco de chegarmos à morte ainda com toda, ou quase toda a pena temporal por descontar nas chamas terríveis do purgatório. Acertemos, pois nossas contas com a Justiça Divina enquanto ainda é tempo, mediante a confissão frequente.
Conta-se que duas religiosas, muito devotas das almas do purgatório, tinham prometido uma à outra, que a sobrevivente faria abundantes orações para a que morresse antes. Depois da morte de uma delas a outra, fiel à promessa, deu-se toda a oração, penitências e jejuns pela alma da companheira. Mas qual não foi a sua surpresa quando, logo no terceiro dia depois do enterro, a morta, com o semblante calmo e delicioso, toda sorridente, apareceu para lhe dizer:
— Não se aflija por mim; eu já descontei tudo!
— De que modo?
— Com as confissões frequentes e sinceras feitas durante a vida.
Conta-se também o fato de um religioso que, tendo morrido de repente, quase de improviso, deixou os seus irmãos muito apreensivos, com muito medo pelo que podia acontecer à sua alma.
O superior deu logo ordens para que se fizessem por ele grandes sufrágios e se celebrassem muitas Missas. Depois de poucos dias apareceu ele a um irmão e disse:
— Irmão Bernardo, Irmão Bernardo, diga ao Padre que agora chega, eu mesmo, durante a vida, pensei no resto com muitas lágrimas derramadas frequentemente aos pés do confessor.
Fonte: O principal motivo da perdição