Prova psicológica da existência de Deus

photo credit: Les majestueux vitraux de la Sainte-Chapelle via photopin (license)
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Artigo publicado no jornal Alagoas em Tempo, edição de 9 a 15 de março/2015 | Ano 9 – Nº 670.

Marcos Antonio Fiorito *

Em nosso último artigo resumimos as 5 provas da existência de Deus pela razão, segundo São Tomás de Aquino. Já o presente texto pretende provar a existência do Divino por via psicológica.

“A vista não se cansa de ver, nem o ouvido se farta de ouvir” (Ecl 1,8). Com esse desabafo, Salomão confessava sua notória frustração com as coisas do mundo. O eminente apologista, Cônego Boulenger, em seu Manual de Apologética, ensina que “tanto a filosofia como a ciência admitiram o princípio de que a tendência ou desejo natural de um ente não pode ser frustrado. Ora, o homem tem um desejo natural de Deus. Logo, Deus existe”.

Trocando em miúdos, o que ele quis dizer com “a tendência ou desejo natural de um ente não pode ser frustrado”? Inúmeros filósofos, entre eles Platão e Aristóteles, defendem o mesmo princípio. Neste caso, não estamos falando de desejos desordenados, de qualquer impulso, mas de tendências naturais do ser.

Um homem pode ter o ímpeto condenável de se vingar de alguém. Isso não significa que tal desejo deve ser atendido; portanto não se encaixa no princípio enunciado. A desordem de nossas paixões e as más tendências são frutos do pecado original; logo não devem ser correspondidas.

O princípio, na realidade, se baseia em desejos, tendências e instintos naturais: a sede deve ser saciada, por conseguinte, ela prova que a água existe. O mesmo se pode dizer da fome, que dá provas da existência do alimento. O homem e os animais procuram a luz porque necessitam dela para ver, etc.

O homem tem uma sede insaciável de felicidade, e a procura de todas as formas. Sobretudo a procura nos bens terrenos. E todas as vezes que encontra o seu objeto de desejo, não se dá por feliz, continua a ansiar irresistivelmente…

O nosso anseio pelo saber não se cansa de procurar a verdade; a nossa vontade não se cansa de desejar e a nossa sensibilidade não se cansa de degustar.

O dinheiro, os bens materiais e até os espirituais não aquietam por completo o nosso espírito. Sempre nos falta algo…

Por isso, conclui o citado teólogo: “A necessidade do infinito, de uma vida indefectível e feliz, supõe, portanto, a existência de um objeto infinito, de uma fonte de felicidade capaz de satisfazer plenamente a insuficiência da nossa alma. Esse infinito é Deus”.

Não é à toa que Alphonse Lamartine, em suas “Meditações Poéticas”, escreveu: “Limitado em sua natureza, infinito em suas aspirações, o homem é um deus caído que tem saudades do céu”.

* O autor é teólogo e redator católico

(Autoriza-se reprodução do artigo com citação do autor.)

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Veja também: Pode-se provar a existência de Deus?

0 thoughts on “Prova psicológica da existência de Deus

  • 15 de março de 2015 em 23:17
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    Marcos, meu amado em irmão em Cristo,
    Sempre tão profundos e simples! Assim são seus textos. Mas não quero esquecer a seguinte citação: “Limitado em sua natureza, infinito em suas aspirações, o homem é um deus caído que tem saudades do céu”.
    Muito profundo e real para explicar tantos vazios existenciais dos que caminham cegos pela falta de fé!

    Deus abençoe muito vc!!
    Com carinho fraterno, Isa

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