Depressão, vazio interior e orfandade espiritual

photo credit: canonsnapper via photopin cc
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Artigo publicado no jornal Alagoas em Tempo, edição de 01 a 7 de setembro/2014 | Ano 8 – Nº 646.

Marcos Antonio Fiorito *

Em meu último artigo para o jornal Alagoas em Tempo, abordando o assunto do suicídio do ator e comediante Robin Williams, tratei sobre vaidade, envelhecimento e desapego. A vida de qualquer homem que experimentou riqueza, fama e luxúria pode ser comparada às palavras do Rei Salomão no Eclesiastes (Cf. Ecl 1, 1-11).

Dando continuidade ao assunto, gostaria de refletir com você, caro leitor, sobre um problema que afeta a humanidade, e não é de hoje: o vazio interior.

A necessidade de explicar de onde viemos, quem somos e para onde vamos, levou os filósofos gregos ao estudo do ser (ontologia), culminando na conclusão de Aristóteles a respeito da existência de um Ser Supremo, Causa de todas as causas.

Já o povo eleito supria a necessidade de entender nossa origem e finalidade através do criacionismo e monoteísmo. Egípcios, babilônios, assírios, persas e romanos, cada um com sua religião, encontravam uma forma de explicar nossa existência e dar um sentido à vida.

Roma, com suas legiões, fez-se senhora de boa parte do ocidente e oriente. Mas com as constantes invasões bárbaras e decadência de seus costumes, o Império Romano caiu. E com ele encerrou-se a Idade Antiga. Nasce a Idade Média, que apesar de muitos a intitularem de idade das trevas, foi nela que o cristianismo alcançou o seu auge. A Europa vivia o teocentrismo (Deus no centro do universo): “Era necessário para a salvação dos homens que houvesse uma doutrina revelada por Deus, além das disciplinas filosóficas que investigam a razão humana” (São Tomás de Aquino).

Porém, com o movimento humanista e renascentista veio a Idade Moderna, que pretendeu desbancar a Deus e valorizar o homem. Surgiu o antropocentrismo (O homem no centro do universo): “Deus, arquiteto do universo, proibiu o homem de provar os frutos da árvore da ciência, como se a ciência fosse um veneno para a felicidade” (Erasmo de Roterdã).

Com a Revolução Francesa, temos a “deusa” razão assentada no altar da sabedoria humana. É o nascimento da Idade Contemporânea. As monarquias vão desaparecendo, e com elas a união da Igreja e do Estado. Prega-se a superioridade da razão e da ciência sobre a religião. O homem faz-se um só com a máquina através da Revolução Industrial e do avanço tecnológico. Vive-se a embriaguez da liberdade de pensamento, costumes e economia. As pesquisas espaciais evoluem, o homem está perto de chegar à Lua. E em Paris, em 1968, estudantes da Sorbonne gritam: “É proibido proibir!” Por fim, o homem sente-se mais independente do que nunca…

No entanto, livre de Deus e seus mandamentos, da Igreja e seus dogmas, veio também a angústia e orfandade. Aquele vazio sentido pelo homem desde a sua origem, só aumentou. Daí termos cifras alarmantes no número de pessoas que sofrem de depressão, síndrome do pânico e solidão — apesar de estarem rodeadas de gente… Pessoas que após terem feito carreiras brilhantes, abreviam suas vidas pela profunda insatisfação em que vivem.

É tão comum na vida dos famosos histórias de vícios, prisões, crimes e outros desvarios… O que lhes falta? Ou melhor, o que nos falta? A resposta é simples: Deus! Todo homem nasceu para Deus e deve retornar a Ele. Quando não alimentamos nossas almas com o divino, em vão procuramos fora dele a paz e serenidade interior. Na verdade, iremos nos atirar nos braços insanos da vida cheia de prazeres, entretanto completamente ausente de sobrenaturalidade.

* O autor é teólogo e redator católico

(Autoriza-se reprodução do artigo com citação do autor.)

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Veja também: Aprender com o envelhecimento

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