Com sua Paixão, Jesus Cristo triunfou sobre o pecado e a morte

By anonimus ([1]) [Public domain], via Wikimedia Commons

O Pe. Baltasar Álvarez, um grande servo de Deus, dizia que não devemos pensar ter feito algum progresso no caminho de Deus, se ainda não chegamos a ter sempre no coração a Jesus crucificado. São Francisco de Sales escreve que o amor que não nasce da paixão é fraco. E é mesmo, porque não dá coisa que mais nos obrigue a amar o nosso Deus do que a Paixão de Jesus Cristo, isto é, saber que o Padre eterno, para nos mostrar o excesso do amor que nos consagra, quis enviar seu Filho unigênito à terra para morrer por nós, pecadores. Isso levou o Apóstolo a escrever que Deus, pelo grande amor com que nos amou, quis que a morte de seu Filho nos trouxesse a vida: “Pela extrema caridade com que nos amou, nos convivificou em Cristo, quando estávamos mortos pelos pecados” (Ef 2,4). Foi isso justamente o que queriam exprimir Moisés e Elias no monte Tabor, ao falar da paixão de Jesus Cristo como de excesso de amor: “E falava de seu excesso que havia de realizar em Jerusalém” (Lc 9,31).

Quando nosso Salvador veio ao mundo para remir os homens, os pastores ouviram os anjos cantarem: “Gloria a Jesus nas alturas” (Lc 2,14). Mas ao humilhar-se o Filho de Deus, fazendo-se homem por amor do homem, parecia que antes se obscurecia do que se manifestava a glória de Deus. E afinal não era assim, pois a glória de Deus não podia ser melhor manifestada ao mundo do que pela morte de Jesus em prol da salvação dos homens, visto a Paixão de Jesus nos ter manifestado as perfeições dos atributos divinos. Ela nos fez conhecer a grandeza da misericórdia divina, querendo um Deus morrer para salvar os pecadores e morrer de uma morte tão dolorosa e ignominiosa. S. João Crisóstomo diz que o sofrimento de Jesus Cristo não foi um sofrimento comum e a sua morte não foi uma simples e semelhante à dos homens (Serm. de pass.). Ela nos fez conhecer a sabedoria divina.

Se nosso Redentor fosse somente Deus não poderia satisfazer pelo homem, porque Deus não poderia satisfazer a si mesmo em lugar do homem, nem poderia satisfazer padecendo, sendo ele impassível. Pelo contrário, se fosse somente homem, não poderia como tal satisfazer pela grande injúria feita a Majestade divina. Por isso, que fez Deus? Enviou seu próprio Filho, verdadeiro Deus como ele, a tomar a natureza humana par a que assim, como homem, pagasse com a morte a justiça divina e como Deus lhe desse uma satisfação completa. Ele fez-nos conhecer a grandeza da justiça divina. S. João Crisóstomo dizia que não é tanto o inferno, com o qual Deus castiga os pecadores, que demonstra quão grande seja a sua justiça, como Jesus Cristo na cruz, já que no inferno são punidas as criaturas por seus próprios pecados, ao passo que na cruz se vê um Deus martirizado para satisfazer pelos pecados dos homens. Que obrigação tinha Jesus de morrer por nós? “Foi oferecido porque ele mesmo o quis” (Is 53,7). Ele poderia sem injustiça abandonar o homem na sua desgraça, mas o amor que lhe tinha não lhe permitiu vê-los infelizes e por isso escolheu entregar-se a si mesmo a morte tão penosa, para obter-lhes a salvação: “Ele nos amou e entregou a si mesmo por nós” (Ef 5,2). Desde toda a eternidade havia amado o homem: “Eu te amei com uma caridade perpétua” (Jr 31,3). Vendo-se, porém, obrigado por sua justiça a condená-lo e a tê-lo sempre longe de si no inferno, sua misericórdia o impele a descobrir um meio de poder salvá-lo. Mas como? Satisfazendo ele mesmo a divina justiça com sua morte. E assim quis que na própria cruz em que morreu fosse afixado o decreto de condenação do homem à morte eterna, para que fosse destruído ou apagado com seu sangue (Gl 2,14).

Dessa maneira, pelos merecimentos de seu sangue, alcançou-nos o perdão de todos os crimes: “Perdoando-vos todo os delitos” (Gl 2,13). Consequentemente espoliou o demônio de todos os direitos adquiridos sobre nós, conduzindo consigo em triunfo tanto seus inimigos como nós sua presa: “E despojando os principados e potestados, sobranceiro os levou cativos triunfando manifestamente deles por si mesmo” (Cl 2,15). Teofilacto comenta: “Como um vencedor e triunfador carregando consigo a presa e os homens em triunfo”.

Por isso Jesus Cristo, satisfazendo a divina justiça, ao morrer na cruz, não falou senão em misericórdia; pediu a Padre que tivesse misericórdia dos mesmos judeus que haviam tramado a sua morte e dos carrascos que o trucidaram: “Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34). Estando na cruz, em vez de punir os ladrões que pouco antes o haviam injuriado: “E os que foram crucificados com ele o afrontavam” (Mc 15,32), ouvindo que um deles lhe pedia misericórdia: “Senhor, lembrai-vos de mim quando estiverdes em vosso reino” (Lc 23,42), ele, cheio de compaixão, promete-lhe o paraíso para aquele mesmo dia: “Hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23,42). Antes de morrer, nos deu por mãe sua própria mãe: “Então disse ao discípulo: Eis aí a tua mãe” (Jo 19,27). Na cruz, declara que está satisfeito por ter feito tudo para obter-nos a salvação e coroa tudo com a sua morte: “Sabendo então Jesus que tudo estava consumado, disse: Está tudo consumado. E tendo inclinado a cabeça, entregou o seu espírito” (Jo 19,28).

Eis o homem livre do pecado e do poder de Lúcifer pela morte de Jesus Cristo e além disso elevado ao estado de graça e de graça maior que a perdia por Adão. “Onde abundou o delito, superabundou a graça” (Rm 5,20). Resta-nos agora, diz o Apóstolo, recorrer sempre com confiança a esse trono de graça, que é justamente Jesus crucificado, para que recebamos de sua misericórdia a graça da salvação e os auxílios oportunos para vencermos as tentações do mundo e do inferno (Hb 4,16).

Fonte: A Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo – Piedosas e edificantes meditações sobre os sofrimentos de Jesus – Por Sto. Afonso Maria de Ligório – Traduzidas pelo Pe. José Lopes Ferreira, C.Ss.R.

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