Opção preferencial pela futilidade

By Lecoeur graveur (Etrennes aux Enfans des Deux Sexes) [Public domain], via Wikimedia Commons

Artigo publicado no jornal Alagoas em Tempo, edição de 14 a 20 de março/2016 | Ano 10 – Nº 719.

Marcos Antonio Fiorito *

Há décadas, o Bem-aventurado Papa João Paulo II, de feliz memória, disse, em relação ao foco de seu pontificado, que teria feito opção preferencial pelos pobres. Ainda que a expressão pareça de índole socialista, em nada tem de comum com uma posição política de esquerda ou com a Teologia da Libertação. Pelo contrário, foi em seu pontificado que o ex-frei Leonardo Boff foi condenado a um silêncio obsequioso.

Parafraseando Sua Santidade, o autor deste artigo escolheu o título “Opção preferencial pela futilidade” para denominar o comportamento de grossa fatia da opinião pública mundial e, sobretudo, brasileira.

Um exemplo disso se deu há algumas poucas semanas, quando o Brasil mergulhou de cabeça no mar voluptuoso das comemorações carnavalescas. Muita gente observou, com a ajuda dos meios de comunicação e das redes sociais, que em certas capitais o Carnaval reuniu assombrosamente mais gente que as recentes manifestações populares, que pleiteavam novos rumos para o País.

O momento é grave, porém, infelizmente, muitos preferem sambar, pular, beber e divertir-se do que procurar entender com seriedade por onde as coisas caminham.

Faz pensar nos governantes da antiga Babilônia que, imprevidentes e descuidados da defesa da cidade, se refestelavam em banquetes e orgias, até que foram surpreendidos pelas hostes persas.

Entretanto, como dito acima, o problema não é só nacional; é global. Chamemos a isso de a globalização da superficialidade. Embora isso seja mais grave num determinado país que noutro, a moléstia se estende a todas as Nações. A tal ponto, que as pessoas mais reflexivas, ponderadas, preocupadas com os destinos de seu país e do mundo carecem de interlocutores. Pelo contrário, são muitas vezes obrigadas a tratarem de assuntos comezinhos para não correr o risco de ficar isoladas.

Uma prova cabal disso temos com as redes sociais. Vídeos de pessoas que se pronunciam sobre política, filosofia ou religião são “n” vezes menos acessados que as assim chamadas vídeo-cassetadas. Perdem feio de qualquer gravação amadora de um cãozinho engraçadinho, que sabe dançar sobre as patas traseiras. Para não falar de clipes obscenos…

Não estamos aqui defendendo a tese de que não há momento para entretenimento, festas e outras formas legítimas de diversão, mas apontando uma real preferência pela banalidade.

E se formos tratar a respeito do conteúdo da TV, o que dá mais audiência? Obviamente são as novelas, reality shows do tipo BBB ou a Fazenda. Talvez isso explique o porquê de programas e filmes cults serem transmitidos de madrugada, afinal, para a indústria da imbecilização, o importante é o vil metal. E quanto mais ignorante for a massa, melhor, pois o espírito crítico atrapalha a condução do gado…

Em 1944, numa radiomensagem, o Papa Pio XII fez uma oportuna e didática distinção entre povo e massa. Sintetizando o seu pensamento, temos que o povo tem vida própria, é lúcido, sensato, cheio de energia e personalidade. Contrariamente, a massa é amorfa, despersonalizada e inconsequente, fácil de ser manipulada e conduzida por qualquer aventureiro…

* O autor é teólogo e redator católico

(Autoriza-se reprodução do artigo com citação do autor.)

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