Natal e a paganização da religiosidade

Artigo-Natal
photo credit: kevin dooley via photopin cc

Artigo publicado no jornal Alagoas em Tempo, edição de 01 a 07 de dezembro/2014 | Ano 8 – Nº 659.

Marcos Antonio Fiorito *

O mês de dezembro se inicia e a festa magna da cristandade, o Natal, bate às nossas portas. Seja por sentimento de fé ou razões meramente comerciais, o mundo em torno de nós vai tomando uma fisionomia alegre e festiva. Tudo vai se enfeitando de vermelho, branco e dourado. Guirlandas, bolas coloridas, coroas do advento, luzes e, claro, não podia faltar o Papai Noel.

Presentes, cartões, confraternizações, perus, pernis, vinhos e champanhes… Ah, é Natal!

O tempo passa e a consciência profundamente religiosa a respeito das festas cristãs vai ficando cada vez mais perdida na memória dos ocidentais. Tudo vai se revestindo de ares pagãos.

No Brasil, onde o Carnaval é tão comemorado, poucos católicos sabem que a festa, desde a Idade Média, celebra a despedida da carne. Sim, em tempos idos, não se comia carne durante a Quaresma (40 dias antes da Páscoa); de maneira que os fiéis davam adeus à carne, festejando-a. A palavra carnaval vem do latim: carnis levale, que significa festa da carne. Porém, as comemorações antigas em quase nada se assemelham à de hoje.

Para não ir tão longe, no final do século XIX e início do século XX carros alegóricos desfilavam nas ruas levando famílias que ostentavam alegria e decência. As pessoas, fantasiadas de formas bem criativas, levavam consigo lanches à base de carne, afinal estavam se despedindo da iguaria. Serpentinas, confetes e músicas de bom gosto animavam a festa. Havia também o Carnaval de salão, porém totalmente distinto e decoroso.

Hoje, lamentavelmente, as festas carnavalescas são sinônimos de desvarios de toda ordem: pornografia, bebida, droga e muita violência.

A falta de senso religioso em nossos dias é tão grave, que em muitos lugares desrespeitam os dias santos com bailes de Carnaval fora de época, como é o caso de Olinda, onde estendem a folia pela Quarta-feira de Cinzas; e em São Paulo, onde um clube famoso de futebol festeja o Sábado de Aleluia dando um baile carnavalesco.

A solenidade da Páscoa, celebração da redenção do gênero humano e ressurreição de Nosso Senhor, também tem perdido o seu sentido mais intrínseco. A Redenção significa verdadeiramente para o mundo cristão o fim de 4 mil anos de espera. Até ela realizar-se, os justos iam para o Limbo — também chamado de Seio de Abrão — e ali aguardavam a vinda do Messias.

Hoje boa fatia dos cristãos não acompanha as cerimônias de Semana Santa, sequer reza a via Sacra. E Uma minoria participa da Santa Eucaristia. Afinal, o importante mesmo é trocar ovos de chocolate e participar da ceia pascal… Como é insensato o ser humano! Não se importa com os preceitos cristãos, não frequenta as cerimônias religiosas, porém comemora o dia santo mesmo desconhecendo o seu conteúdo.

Quanto ao Natal, pouca gente sabe que a figura do Papai Noel surgiu como versão laica e comercial de São Nicolau, bispo de Mira, na Ásia Menor (Séc. IV). De família muito abastada, desde jovem fazia doações anônimas de dinheiro, roupas e alimentos aos mais necessitados. Contam que ele lançava, à noite, nas chaminés das casas das crianças humildes, sacos com presentes para que elas pudessem vê-los de manhã, ao acordar. Doce surpresa!

Na verdade, vamos assistindo, paulatinamente, à paganização das tradições cristãs. Uma ceia de Natal ou Páscoa não se difere muito de um almoço ou jantar qualquer. Não há quase preocupação em ornar a mesa com símbolos religiosos. Muitos sequer lembram de rezar antes da refeição, ou agradecer depois dela. A conversa gira em torno de banalidades… E, no fim, tudo termina com música alta e para lá de profana. Triste ocaso do sagrado…

* O autor é teólogo e redator católico

(Autoriza-se reprodução do artigo com citação do autor.)

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Veja também: O caráter sagrado do sigilo de confissão

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